sábado, 10 de janeiro de 2015

Liberté, Égalité, Fraternité - liberdade, igualdade e fraternidade

Não é a primeira vez que falo sobre problemas que o fanatismo pode causar. E isso inclui fanáticos por futebol. Mas esta semana, vimos o horror e massacre em Paris. Não foi apenas um ataque à uma editora conhecida por suas charges e críticas à todos (Deus, Jesus, Papa, Presidentes, Reis, etc), um ataque a liberdade de expressão. Há meios legais, quando alguém se sente ofendido com uma charge em uma publicação (seja ela física ou digital) e podendo entrar na justiça. Não é a primeira vez que isso acontece e não será a segunda ou terceira ou última vez. 

Sei que a divisão entre expressão, respeito e direitos, é algo complicado e varia muito. O que um considera aceitável, pode ser desrespeitoso para outro. Por isso existe algo chamado justiça, para resolver estas questões.

Mas com o ocorrido em Paris, não importa se eram pessoas humildes, cidadãos de segunda categoria ou que sofriam preconceito. A partir do momento que deixa de seguir a lei e a ordem e parte para um fanatismo assim, não comete apenas o crime que foi noticiado. Ataca também aqueles que são de sua classe/tribo/tradição/raça/religião. Tanto que mesquitas foram atacadas. Muçulmanos estão sofrendo mais preconceito (preconceito surgido do medo e da raiva). E com isso surgi a sombra do que houve na época do nazismo. E violência gerando mais violência. 

Ah mas isso é na Europa, nunca vai chegar no Brasil. Acredita nisso quem quer. Tenho excelentes amigos, tanto muçulmanos, quanto umbadistas e ambos sofrem forte preconceito. Assim como o simples fato da minha opinião sobre religião, já fez conhecidos se afastarem e falarem mal de mim pelas costas, porque não aceitam a minha visão da religião. E olha que sempre que eu pude e fui convidado, prestigiei momentos de celebração e fé em seus templos e igrejas. E isso foi feito tanto por cristãos, quanto por evangélicos (também tenho bons amigos em ambos os grupos). 

Basta relembras fatos, como o caso de um pastor de uma igreja evangélica chutando uma estátua de uma santa cristã. Ou de igrejas históricas, terem sido atacadas por pessoas que discordam da religião (e se você pesquisar, verá que os ataques nos terreiros de umbada e candomblé tem sido muito mais violentos). Para não lembrar o fanatismo político/religioso de parlamentares defendendo sua religião (e isso porque estamos em um estado laico).

Pior foi quando ouvir duas senhoras falando do Tsunami (Maremoto) de 2004. Dizendo: foi deus (me pergunto qual deus?) que puniu os infiéis. Todos aqueles países não são cristãos. Confesso que em respeito a idade avançada das senhoras (para não dizer senil, pela opinião fanática que davam), não me envolvi na conversa (que iria ser um belo bate-boca). 

Esta imagem que peguei do Sábado Qualquer, tem a mesma opinião que a minha sobre religião. Ela pode ser uma esperança, ajudar, dá um sentido na vida. Conheci gente que deixou as drogas, voltou para a família e passou a ajudar os outros. Mas quando a religião é apenas algo há mais, que existe em sua vida e não a única razão para você viver. Viver apenas em função dela, gera o fanatismo que vimos esta semana. 

E me pergunto, onde está a liberdade, igualdade e fraternidade defendida séculos atrás? 

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